Relíquias de rádio fantasmagóricas finalmente explicadas por novas simulações

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Durante décadas, os astrônomos ficaram intrigados com a existência de estruturas gigantescas e tênues no espaço, conhecidas como “relíquias de rádio”. Estes arcos fantasmagóricos, que se estendem por milhões de anos-luz através de enxames de galáxias, são restos de colisões violentas entre estes gigantes cósmicos. Agora, novas simulações de alta resolução do Instituto Leibniz de Astrofísica Potsdam (AIP), na Alemanha, parecem finalmente decifrar o código por trás do seu comportamento peculiar.

O mistério das relíquias de rádio

As relíquias de rádio são formadas quando ondas de choque de aglomerados de galáxias em colisão aceleram os elétrons até a velocidade próxima da da luz, emitindo ondas de rádio difusas. Estas estruturas são comuns, mas as observações revelaram inconsistências que desafiavam os modelos teóricos existentes: campos magnéticos mais fortes do que o esperado, intensidades de choque variáveis ​​medidas em rádio versus luz de raios X, e até choques que pareciam demasiado fracos para acelerar os eletrões.

Por que isso é importante: As colisões de aglomerados de galáxias estão entre os eventos mais energéticos do universo, moldando a evolução das galáxias dentro deles. A compreensão de como as relíquias se formam revela processos fundamentais em ação quando estruturas colidem em escalas cosmológicas.

Uma inovação em simulação multiescala

O avanço da equipe AIP veio do uso de simulações que abrangeram múltiplas escalas. Eles primeiro modelaram as colisões de aglomerados de galáxias ao longo de bilhões de anos, depois ampliaram a física das ondas de choque individuais interagindo com os arredores turbulentos desses aglomerados. Esta abordagem permitiu-lhes reproduzir características de relíquias observadas com uma precisão sem precedentes.

Principais descobertas: campos magnéticos amplificados

As simulações mostram que os campos magnéticos nas relíquias não são apenas reforçados pela onda de choque inicial, mas são ainda mais amplificados quando o choque colide com outros choques criados pela queda do gás da teia cósmica. Esta colisão comprime o plasma em lâminas densas, gerando turbulência que torce e comprime os campos magnéticos muito além do que um único choque poderia alcançar.

Discrepâncias resolvidas: medições de rádio versus raios X

A equipe também explicou por que as medições de força do choque por rádio e raios-X diferem. As simulações revelaram que os choques varrem densos aglomerados de gás, criando regiões localizadas de intensa aceleração. Estas manchas compactas dominam o sinal de rádio, enquanto os telescópios de raios X medem a intensidade média do choque, incluindo regiões mais fracas, explicando as discrepâncias.

O papel da turbulência

As simulações também mostram que as ondas de choque não apenas aceleram os elétrons de maneira uniforme. A turbulência desempenha um papel crucial, torcendo e comprimindo os campos magnéticos até as forças observadas. Esta turbulência é criada pelas ondas de choque que colidem umas com as outras, criando um turbilhão cósmico.

“Todo o mecanismo gera turbulência, torcendo e comprimindo o campo magnético até as forças observadas, resolvendo assim o primeiro quebra-cabeça”, disse Christoph Pfrommer da AIP.

O futuro da pesquisa de relíquias

O sucesso da equipe AIP abre novos caminhos para o estudo dessas estruturas enigmáticas. Ao combinar simulações cosmológicas em grande escala com modelos de tubos de choque de alta resolução, eles superaram um grande obstáculo na compreensão da física das colisões de aglomerados de galáxias. Pesquisas futuras provavelmente se basearão neste trabalho para desvendar os mistérios remanescentes que cercam as relíquias de rádio, fornecendo insights mais profundos sobre os maiores e mais energéticos eventos do universo.

As simulações confirmam que as partes mais fortes e localizadas da frente de choque produzem a maior parte da emissão de rádio. Afinal, as baixas resistências médias inferidas dos raios X não representam nenhuma ameaça à física subjacente.